ROSA CAÍDA.

rosa UMA ROSA CAÍDA OU DESFOLHADA, PODE PASSAR A SER PÉTALA MAS NUNCA DEIXA DE SER ROSA!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Revolta.


Tu,
que chegas a mim a toda a hora, branca, pura, inatingível,
na tua forma sepulcral mística e fantástica!
Tu,
que sorrindo chegas sempre, onde eu já estou há tanto tempo,
em martírio, em sonho em desespero!
Tu,
que me atrais e me expulsas, entregando-me à noite dos fantasmasda minha infãncia,
perdidos no espaço e no tempo!
Tu,
que me dás certeza, dúvida, inquietação, silêncio...
silêncio que transformo e te ofereço, nas noites vazias e sem estrelas!
Tu,
estranha, cruel, doce e terriivel miragem vestida de azul, deserto imenso,
lago de sangue, pantano onde me afundo, onde sufoco, onde soluço!
Tu,
que entras de mansinho no meu quarto e me acordas com um sorriso, uma lágrima,
com um punhal ou uma taça de cristal cheia de cicuta!
Tu,
que te ofereces, que te vendes, que te dás, em todos os abismos do mundo,
em todas as prisões, em todos os cais, em todos os manicómios!
Tu,
fantasma invisível erguido na praça de tudo o que não tive,
na minha cidade em ruínas, destruída e nunca começada!
Tu,
prostituta infantil da minha vida, agonia e morte,
cadafalso de todos os sonhos que transbordam de amor!
Tu,
revolta e tédio, manto de amargura que me cobres, que me acorrentas,
lepra do meu sangue, cancro da minha alma!
Tu,
sol escaldante de todos os mundos do universo, tempestade reunida a todas as tempestades,
sobre um castelo abandonado, assustando espectros que vomitam sangue!
Tu,
mãe e madrasta de todos os bastardos, que não geraste, que não pariste,
e que turturas sem dó nem piedade com lanças de fogo os que te adoram!
Tu,
que tens a forma de todas as pestes, peste do mundo, da inutilidade,
da fraqueza e da cobardia, lava incandescente das veias dos poetas!
Tu,
espantalho erguido na seara verde do receio, palhaço no meio da tormenta, a rir,
porque venceste os que estavam vencidos!
Tu,
rainha respeitada que comandas exércitos de loucos,
oferecendo aos teus heróis um monumento de pedra,
quando já nem os seus ossos pesam sobre a terra!
Tu,
visão perpétua de marmore ou de gelo, que vens não sei de onde,
que váis não sei para onde, sempre insatisfeita, sempre incompleta!
Tu,
que tens o sorriso da caveira e abraças rindo o frio da morte,
que choras como Cristo, que ris como o diabo, que ordenas como um rei!
Eis a tua escrava!
Não te quiz, não te desejei!
Odeio-te. Odeio-te horrivel imagem dos sentidos
odeio-te deusa de marfim de pedra e de lama,
odeio-te serpente alimentada de todos os silêncios,
de todas as lágrimas, de todas as dores!
Odeio-te guerra e paz da minha vida!
Destroi a minha noite,
destroi, este meu dia,
manda o teu carrasco e mata-me
POESIA!!!____________

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2 comentários:

  1. Estar aqui presente
    Com palavras
    Luzentes brilhantes…
    É como flutuar
    Em águas calmas
    E no fundo ver diamantes

    Um bom fim-de-semana
    Inundado de paz…

    O eterno abraço…

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  2. Olá amiga.
    Quantas lágrimas já chorei e quantas vezes me arrepiei a ouvir este poema como só tu sabes dizer e sentir.
    Estou feliz por estar agora ao alcance de outros olhares de outros sentires.
    Tu não fazes poesia...tu és poesia!
    Acima de tudo...estás de volta, largas-te a concha.
    Vou passar aqui muitas vezes, quero te redescobrir.
    Tinha saudades.
    Beijinho amigo.

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